terça-feira, 28 de junho de 2011

Jornalismo vs História da Arte (ou a Casa dos Patudos)

E pronto, as memórias desenterram-se quando menos esperamos ou quanto menos as procuramos. Estou para aqui na faculdade, a estudar História de Portugal do século XX. Mais precisamente a queda da Monarquia e a Implantação da República. Assim que os meus olhos bateram no nome José Relvas, voaram os apontamentos para o outro lado da mesa e este post começa a surgir. Porquê? Porque me lembrei de onde surgiu o meu amor por História da Arte, que me levou a optar por licenciar-me primeiramente nesta ciência (siim, H.A. é uma ciência!!!) e não em Jornalismo, como estou a fazer agora.
Há gostos que simplesmente nascem connosco. Outros, que vamos adquirindo desde pequeninos, ao ponto de não nos lembrarmos onde surgiram. Há ainda aqueles que nos transmitem, e que se aprendem. Não foi  nenhum destes casos que me aconteceu. Gostar de arte e de arquitectura foi uma paixão assolapada, visceral, que nasceu súbita e incontrolavelmente numa visita à Casa dos Patudos, antiga residência do honorável ex-ministro das Finanças do primeiro Governo Provisório português pós Outubro de 1910. Hoje, é casa-museu, ex-libris de Alpiarça. Não devia ter mais de oito, nove anos quando percorri aquelas salas pejadas de objectos que Relvas adquiriu em vida.
O encantamento começou logo cá fora, com as varandas de arcos e aquelas torres azulejadas.  Lá dentro, lembro-me dos enormes jarros de loiça chinesa. E dos passos abafados pelos arraiolos já meio desmaiados, das cortinas pesadas,  das mesas com pés trabalhados. E de falar baixinho, sentindo aquela quase reverência que caracteriza os museus e que os transforma em locais de culto, em santuários onde é bom andar devagar, perder tempo - e que é, afinal, ganhá-lo.
Foi, sem dúvida, a partir daqui. E gostei tanto que embirrei numa licenciatura em História da Arte na Nova. Não me arrependo minimamente. Hoje já sei que as tais torres azulejadas se chamam coruchéus. E que os arcos da varanda são de volta perfeita. Mas também sei que, o que gosto mesmo, é escrever sobre o que me apetece e poder ter a opção de participar, mais activamente, na vida dos outros. E ter o poder de fazer algo pelas pessoas, ou denunciar algumas situações. Daí estar aqui, agora. Com 22 anos e a acabar o primeiro ano de Jornalismo, sentada numa mesa solitária do bar do -1 da Escola Superior de Comunicação Social.

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