domingo, 8 de maio de 2011

Estórias do 716

De volta de uma semana dedicada à vida académica - da parte da vida diurna.  A nocturna adivinha-se para a semana que vai começar, ou melhor, que começou hoje porque as semanas começam aos Domingos, como aprendi a semana passada na missa.
Quando pensei criar um blog, a minha ideia inicial não tinha nada a ver com isto. Tinha a ver com uma situação que presenciei.
Ia muito tranquila no 716, a caminho de casa ,quando o diálogo de duas senhoras desconhecidas me prendeu a atenção. Estava a chover intensamente na rua, e uma delas, com cerca de 70 anos, acabara de entrar na última paragem. Era baixinha, espalhafatosa e simpática, aquele tipo de velhotas que fala pelos cotovelos com toda a gente. Sentou-se ao lado da outra, mais jovem e com um aspecto mais distinto, mas não menos afável. A senhora mais velha começou a elogiar o chapéu que da senhora mais jovem, um daqueles chapéus impermeáveis axadrezados que protege da chuva. Começou um vivo diálogo entre as duas, que culminou com a senhora mais jovem a dizer: “Olhe, dê-me a sua morada e o número de telefone que enviar-lhe-ei um chapéu igual ao meu”. Acho que o meu espanto foi equiparável ao da contemplada com a oferta. Ali mesmo, trocaram contactos e despediram-se como velhas amigas.
Esta cena tocou-me. Fiquei com vontade de correr atrás delas, perguntar-lhes quem eram, saber mais da sua vida e da vida dos que se cruzam comigo.
 Era esta a génese da minha criação de um blog. Por motivos de força maior, tive que abandoná-la. Mas agora apetece-me inseri-la também no M&M, e é o que pretendo fazer.
Agora resta saber quem será a primeira alma caridosa a falar comigo. Ou a primeira vítima.

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